Vira brisa do mar.

Me peguei perdida em pensamentos, perdida nos sons, nas imagens e nos aromas. Me peguei observando as várias formas dos desenhos, contornos e texturas das ondas do mar. Essas tão belas e hipnotizantes que me fizeram esquecer de pensar no que era importante. O que é importante? Hoje algumas coisas, algumas pessoas, o amanhã já não se sabe. O amanhã é incerto. O que pulsa dentro de nós hoje, amanhã vira brisa do mar. O perfume doce que nos faz bem hoje, facilmente amarga pela falta da falta. Somos passageiros,  pessoas seguindo direções distintas a procura do que nem sabemos, mas esperando que no 'final' tudo se encaixe. Mas não há final. O final começa de manhã e só termina a meia noite. Todo dia é um mundo novo a redescobrir, a se reinventar. O elevador que se pega diariamente não tem o mesmo cheiro todo dia, o "Bom dia" do porteiro nem sempre sai com a mesma empolgação. O beijo do amado nem sempre é cheio de amor. As idéias se misturam com tanta facilidade, fácil como água que escorre descontroladamente pela pia da cozinha. Todo dia é dia de lembrar das contas a vencer, todo dia é dia de lembrar do que se deve esquecer. Combinemos que se a gente pudesse, parávamos o tempo só para ficar quieta na cama, tocando violão, fingindo que sabemos cantar. Mas não dá. O mundo não pára para você se encontrar. O mundo não pára para você organizar as ideias e separar o que importa ou não. São decisões que temos que fazer em pouco minutos e repeti-las em mente por meses até não lembrarmos mais o que era. É uma ciranda eterna, rodando, dançando, girando, girando, girando. Não pode parar. A caminhada é certa, repleta de incertezas, mas no meio de toda essa confusão diária, há muito espaço entre os dentes para sorrir. O que não desagua no mar é o que fica, assim descobrimos o que nos pertence. E o que nos pertence é o que importa, nós mesmos.

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