o verbo amar


Nos últimos anos o amor me ensinou a não ter pressa.

Porque pressa não combina em nada com um bem-querer apertado.

Ninguém ama com pressa. Você pode até tentar, arriscar, forçar, mas no fundo, na pressa, não vai colar.

O amor me ensinou que, assim como quem coloca um tempero novo numa comida antiga, é nas sensações que ele vai encontrando espaço. 

E quem ou o quê ocupa um tempo na sua imaginação, não necessariamente vai construir um endereço novo no seu corpo.

A nossa mente é cheinha de delírios, mas é na realidade que ela constrói o que iremos contar pros nossos netos.

É na realidade da rotina que alimentamos arrepios de um cheiro no pescoço.

É na realidade em que vemos, lentamente, o despertar de um sono profundo ao se deparar com a claridade que entra pela janela.

O amor me ensinou que existem pedacitos de afeto em tudo em que nos dedicamos, seja a si mesmos, aos outros, à casa, ao trabalho, à arte…

E que nada disso fará sentido se feito às pressas.

“Porque a pressa é inimiga da perfeição”.

E mesmo o amor estando longe de ser perfeito, ainda assim, segue sendo o toque especial que nos coloca o brilho no olhar.

E tudo só faz sentido quando conjugamos, sem pressa, o verbo amar.

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