Só o seu nome mesmo.



Sexta era dia. Encontrar a galera, comprar bebida, cigarros e subir aquele morro estranho e escuro. Como de costume todos chegavam as 19 horas. Com suas roupas escuras e estranhas, todos se reconheciam e riam juntos a cada abraço. Parecia ser mais uma noite comum, mais uma sexta feira de álcool e conversas sobre bandas, até que ele chegou. Eu não sabia quem ele era, mas todos os meus amigos o conhecia. Fiquei quieta no meu canto, eu e minha cerveja quente. Ele foi falando com todo mundo, cada vez mais se aproximando do meu grupo. Ele chega soltando uma piada barata para um amigo nosso em comum, o abraça e aos poucos vai falando com cada um, até que chega em mim. Me olha com uma cara estranha, como se estivesse tentando me reconhecer, como se já me conhecesse e pergunta meu nome.

- Marina, meu nome é Marina.
- Prazer Marina, eu sou o Felipe.
- É, eu soube...
- Soube?
- Sim...
- Soube coisas boas ou ruins?
- Só o seu nome mesmo.

Avista uma amiga e sai meio que depressa ao encontro dela, me deixando ali parada sem saber se o esperava ou deixava para la. Resolvi deixar para lá, afinal ele estava perto e se quisesse voltar era só dar alguns passos. A noite foi passando, o álcool foi fazendo efeito e quando dei por mim eu não o via mais por ali perto. Encontro uma amiga e conversamos animadas sobre o show que iríamos ver na próxima semana, show de uma banda da nossa cidade que eu conhecera a pouco tempo. Algum tempo depois Felipe volta.

- Marina!
- Felipe. - respondo calmamente, tentando não mostrar a embriagues.
- Foi mal, tive que sair correndo, minha amiga chegou ontem do intercâmbio, sabe como é, né?
- É, posso imaginar...
- Então, meio louco isso, mas você vai fazer alguma coisa no final de semana que vem?
- Vou para o show dos The Black Yellow Boots, é uma banda nova daqui da cidade.. Conhece?
- Não - fazendo uma cara de triste.
- Ah... mas é uma banda bem legal! - digo tentando anima-lo para o show.
- Eu sei! Tava brincando Marina, não só conheço como sou eu que canto na Black Yellow Boots.

Ele me dá um par de cortesias para o show e pede que eu vá ao show junto com a minha amiga. Aceitei e guardei dentro da bolsa. Agradeci pela gentileza e disse que iria com certeza. Logo depois ele despede e vai embora com três amigos. Continuei conversando com minha amiga, até que minha carona me chama para ir embora. Cheguei em casa, deito na minha cama e só pensava em Felipe. No outro dia acordo com uma dor de cabeça do tamanho do mundo, abro minha bolsa e encontro as cortesias. Tiro-as da bolsa e coloco na cabeceira do lado da minha cama. Tomo um remédio para dor de cabeça e volto para a cama. Fiquei pensando sobre Felipe. Eu não sei nada sobre ele, só sei que canta nessa banda nova da cidade e que mesmo sem nem me conhecer direito me deu um par de cortesias. Eu não sei, mas não confio em pessoas muito fáceis. De qualquer maneira irei a esse show, se o Felipe é um cara massa ou não isso o tempo mostra... E se ele for um idiota pelo menos não vou pagar por esse show.




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