Delírios de Lana


Manhã de quarta- feira. Entra no avião, ajusta a poltrona, aperta os cintos, põe seu tapa olhos de dormir e adormece até chegar em Amsterdam. Antes de viajar Lana visita pela ultima vez a casa dele, com a desculpa que precisava pegar emprestado um cd do Pink Floyd que ela sabia que ele tinha. Ao chegar na casa, localizada num dos bairros mais nobres de São Paulo, Lana se depara com uma nova casa. Ele, arquiteto, reformou a casa inteira para sua nova mulher. Ironicamente foi a mulher de Felipe que a atendeu. Lana pediu o cd e perguntou por Felipe. Sua mulher disse que ele havia saído a horas e que não lembrava para onde tinha ido, disse para Lana entrar e ficar a vontade para procurar o cd na sala de discos. Lana se perdeu naquela casa imensa. Lana se perdeu naquela sala com discos, vinis, cds e quadros de bandas famosas. Lana se perdeu no pensar "essa casa poderia ser minha". Não acha o cd e vai embora sem se despedir. No caminho para casa o pensamento de "como pude me atrever a entrar em sua nova casa? Feita para sua nova mulher?". Lana o amava desde a festa da casa na serra. Mas na festa da casa da serra Felipe já pertencia a outra. E depois a outra. E depois a outra. E Lana se sentava e assistia seus relacionamentos perfeitos começarem a terminarem. Não, Lana nunca teve a chance de beijá-lo. No máximo o abraçou uma ou duas vezes, e ele a via como a amiga da amiga da cunhada de sua prima que ele viu crescer. Lana sonhava acordada ao imaginar sua vida ao lado dele. Fazia cartas para cada namorada de Felipe, contando historias que só existiam na sua cabeça. Não entregou nenhuma, todas estão dentro da primeira gaveta da cabeceira da sua cama. Lana chega em Amsterdam. O dia estava levemente quente e as pessoas pareciam andar felizes pela rua. Lana tinha ido visitar uma grande amiga, Sarah. Na viagem conheceu várias coisas diferentes da região, pessoas, sotaques, comidas, etc. Mas o que ela mais precisava era conhecer a si mesma, pois sabia que se perdera por inteira por Felipe, que nem sabia quem ela era direito.

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