Carta de Lana


Te escrevo nessa manhã de terça pois amanhã viajo. Não verás tão cedo o meu corpo andando pelas ruas de pedra dessa cidade, nem verás fotos e nem terás noticias sobre mim. A única coisa que irá saber é que tens sido traída. É para mim que ele liga quando se sente sozinho, mesmo com toda a atenção e bom papel de mulher dedicada que você tentar erguer todos os dias. Você tentou, mas nem as viagens e nem as histórias de outonos perfeitos o fazem me esquecer. E você fica aí, com essa cara de bem amada, mal sabe com quem divide a cama. Mas não se preocupe, hoje só é você porque ontem eu não o quis. E será para sempre você enquanto durar. Serás para sempre a quem não darei o meu melhor bom dia. Saiba que ele veio. Uma, duas, três vezes. Não, minto, na primeira vez eu que fui. E não foi bom. Sendo bem sincera, nenhuma das vezes foram boas. Não me pergunte o porque, nem eu sei. Talvez por saber que era algo errado. As vezes a gente insiste nos errados, mesmo sabendo que são errados. Você mesma sabe disso, não é? Mas enfim, escrevo para pedir-te desculpas, mas não pela traição, porque eu não presto e ele muito menos. Mas sim pela minha cara de pau e pelo meu senso de humor ridículo que me faz rir toda vida que olho para sua cara de mulher azeda e forçada. Hahahaha. Me desculpe. 

Ass: Lana.

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