Das quatro vezes que abro um rascunho para escrever, cinco é sobre saudade. Saudade é quase meu sobrenome e mais uma vez caio na lábia da minha querida e amarga amiga nostalgia. Deve ter sido porque hoje o dia na capital do Ceará amanheceu levemente nublado e me fez lembrar dos dias nublados em outras cidades que morei. Lembrei de Natal. Natal é uma cidade charmosa, pequena porém singular. Tem um clima agradável, de dia sol e de noite aquele friozinho do mar que invade a cidade e deixa todo mundo usando um casaquinho leve. O sol de lá é diferente deste sol de Fortaleza, é menos forte, um pouco tímido. Parecido com o sol de Manaus - onde chove como se o mundo fosse acabar - Completamente diferente do sol do Rio. Ah, o Rio. O Rio para sempre será a minha paixão adolescente, mas já tive mais saudade de lá, já fui mais cegamente apaixonada por lá. Mas a saudade que sinto hoje não é de nenhuma cidade que morei, pois apesar de recordá-las, percebi que o que sinto é saudade do tempo. Do tempo em que era mais fácil sorrir. Do tempo que era mais fácil tirar os pés do chão e sentir aquele frio na barriga. É saudade de sentir emoções diferentes. Por motivos diferentes. Por pessoas diferentes. O clima hoje, bem de manhãzinha, me fez pensar sobre isso. Com o passar das horas a cidade foi ficando mais aquecida, mas continuei pensando no que uma determinada temperatura me causou na mente. O nublado é nostálgico, o frio pede conforto. Nessas horas devemos ser sábios, devemos procurar nos manter quentes abraçando os dias ensolarados que aquecem o nosso interior. Esse é o meu confronto pessoal, pois não sou sábia e amo o frio.
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