A morte é algo que me faz lembrar das minhas mudanças de cidades. "Mas o que tem haver uma coisa com a outra?", você deve se perguntar, é que para mim o sentimento de perda pela morte é a que mais se aproxima da perda pela distancia. É horrível ficar longe de quem se quer por perto, amigos queridos ou lugares. Toda vez que me mudei de cidade ou de estado, senti como se uma parte de mim estivesse morrendo para que outra pudesse nascer em outro lugar. Como se eu tivesse deixado uma parte minha em cada lugar que passei e que, dificilmente, a terei novamente, talvez nunca mais. Uma espécie de luto e ainda não aprendi a lidar com isso. As opções são: aceitar ou não, e, de fato, ainda não aceitei, talvez eu tenha me conformado, o que é algo bem diferente de aceitar. Claro que o sentimento de perda pela morte é algo muito mais devastador, nunca mais se poderá ver o amigo querido que recebia a todos com um sorriso no rosto, nunca mais desejar um bom dia ou lembrá-lo do trabalho que ficou para a semana que vem. Os da distancia, pode demorar anos, mais uma hora há o reencontro. Mas, em ambas circunstancias - e incondicionalmente - dói. Essa dor nos faz refletir sobre praticamente tudo. Sobre o que é importante e o que é desnecessário. Sobre o que é essencial e o que é besteira. Sobre o que é viver e aproveitar a vida. Sobre valorizar quem estar pertinho de nós, os que estão longe e os que não voltam mais. Talvez seja isso, a vida se consiste na dor, porque a dor é crescimento, é reflexão, é revolta. Gritamos o mais alto possível quando nascemos, numa dor - que não consigo nem imaginar como deve ser de tão forte - do ar entrando em nosso pulmões. Dói para nascer, dói para morrer. Dói. Só nos resta pensar e valorizar as coisas que realmente amamos, a família, os amigos, os amores, os sonhos, os planos... e delas tentar tirar o melhor da vida que temos. "Viver intensamente".
Comentários