Amor bobo

Saiu de casa apressada, esqueceu batom, espelho, escova e guardou o coração. Chegou atrasada no trabalho, recebeu bronca, foi para a sua mesa de cabeça baixa. Atendeu telefonemas, recebeu as reclamações diárias e constantes de clientes inexperientes e ricos. Fez seu trabalho, mandou os e-mails, encaminhou as alterações, tudo como deve ser. Saiu para o almoço. Arroz, salada e salmão. Engoliu a comida tão rápido que nem pôde saborear aquele salmão grelhado ao molho tare. Voltou para o trabalho, correndo. Contando as horas para o fim do expediente. Olha para o celular e vê apenas as horas passando lentamente. Ignora as notificações diárias da vida online social, até porque se parar para olhar, perderá no minimo quinze minutos respondendo e vendo as futilidades desnecessárias. Hora de ir embora, se despede de todos com aquele sorriso forçado. Corre pro carro, pega engarrafamento. Em mente deseja uma cerveja geladamente estúpida. "Estúpida!", diz para ela mesma, pois a dieta não permite. Chega em casa, abre o portão e a porta com seu chaveiro com mil chaves. Toma um banho gelado, lava o cabelo. Seca o cabelo, passa óleos reparatórios para amenizar os danos químicos presentes nele. Come uma maçã. Senta no sofá, liga a TV. Olha pro celular e responde, curte, xinga, posta as pendencias. Se arruma, põe seu melhor e mais novo vestido. Se maquia, se perfuma, se inspira e espera. Vinte e uma horas, como o combinado ele chega. Quem? O amor, fazendo a mágica de transformar o dia caótico em uma noite maravilhosa.

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