O mar

As da saudade, aquelas pessoas que por um determinado prazo curto ou longo de tempo dividiram comigo suas alegrias e tristezas, suas conquistas e derrotas, suas besteiras e importâncias. Saudade não é aquela coisa simples que facilmente você encontra algo que substitua, algo que preencha o buraco que ficou dentro de você e do seu lado. Na vida não substituímos pessoas, mas nos readaptamos aos sonhos antigos com quem estiver do seu lado. Todavia, existem sonhos, pessoas insubstituíveis. Situações em que só faria sentido se fosse com aquela pessoa e que por mais que você tente reproduzi-las com outros, será em vão, tempo perdido. Ainda é intensa a minha ligação com as minhas amigas de sotaque puxado de Natal e as que chiam exageradamente do Rio. Elas me inspiram. Elas me entendem. Elas são únicas e eu sou sortuda por ter conhecido cada uma. Não preciso citar nomes, elas saberão. Neste solo que possui um mar tão verde que as vezes dói a vista, pude compreender melhor o significado de uma amizade, porque antes eu não tinha tempo para realmente aprender/ter uma amizade mesmo. Eu sei, isso pareceu um pouco irônico. É que na verdade eu tive muitas amigas, mas não tive tempo suficiente para entender como as coisas funcionavam. Achava que ser amiga era ser mãe, cuidar, proteger e ter todo o zelo possível - e as vezes impossível - com uma pessoa. Mas mãe todo mundo tem. E amigo é aquele que vai te alertar das coisas ruins, te aconselhar das coisas certas, mas só você decide se vai seguir ou não. Isso eu aprendi tardiamente, depois de ter tido as melhores amigas do mundo. Mas não me lamento, pois tenho certeza que só tive bons momentos com elas e de que elas ainda são as minhas melhores amigas. Como eu sempre ia embora, todo dia era dia de grandes encontros, grandes conversas, enormes abraços e infinitos sorrisos. Era como se igualmente e inconscientemente todas pensassem "Ei, não temos tempo para besteiras, vamos nos divertir, ok?". Acho que é por isso que vivi os meus primeiros dezesseis anos da minha vida tão intensamente, pois o tempo sempre foi curto. O tempo sempre foi o meu pior e melhor amigo. As vezes não é fácil saber o gosto que certas felicidades tem, pois quando você as perde... você tem que aprender a lidar com isso, querendo ou não. Eu aprendi na marra e acho que por isso preciso urgentemente de um analista, para me escutar e para eu escuta-lo dizer que não sou louca. Ou que a minha loucura é normal. Mas voltando ao assunto, o mar me fascina, ele é a única coisa concreta em comum com elas. Fortaleza, Natal e Rio, em diferentes temperaturas, todos banhados pelo mesmo mar. E quando estou de frente a ele, sinto que elas estão comigo e todo o resto não faz mais a menor diferença.

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