Mesmo ar


Sentei naquele banco, naquele velho banco de sempre, banco que conheci há alguns anos atrás, quando ainda nem conhecia direito cidade e nem conhecia metade das pessoas que conheço. Lembrei dos pensamentos que já tive por ali, olhando aquelas árvores, olhando aquela praça, lembrando das pessoas, dos lugares, das paisagens e do ar que ainda estava quente em minha memória, ar de outro lugar. Olhei para o alto e vi a lua, redonda, cinza com sua luz branca... era a mesma lua de anos atrás. Abri minha bolsa, peguei o ultimo cigarro que havia ali. Enquanto fumava-o, pensava, lembrava e não lembrava de tudo com foi exatamente, mas sabia de uma coisa, muita coisa tinha acontecido até eu chegar ali, naquele banco de praça. Lembrei dos grupos e das pessoas mal amadas, aquelas que te olham com inveja, inveja do sorriso que você carrega há anos e que essas pessoas nem imaginam por onde esse sorriso já passou. Lembrei dos primeiros shows nessa ultima cidade. Lembrei de muitas coisas, ao mesmo tempo pensava em tudo com um senso crítico inato, o mesmo senso critico dos outros lugares, o mesmo que por uns foi adorado e por outros nem tanto. Passou um filme na minha cabeça, cheio de cortes e de cenas incompletas. Mas a questão é que faz algum tempo em que o Drama Queen já saiu de moda, que certas coisas não fazem mais sentido, nem por cor e nem por cheiro. E eu achava que todo mundo já sabia disso. E eu achava. Achava da mesma maneira que tenho certeza de que quando um cigarro acaba, só nos resta pegar outro.

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