Quando eu era criança eu dizia que nunca iria beber e nem fumar, que isso era coisa feia, que eu nunca seria bonita se eu fizesse essas coisas. Quando eu era criança acho que morei em tantos lugares que acreditei que minhas mudanças eram as minhas maiores alegrias. Chegar num lugar novo e conhecer todo mundo que eu pudesse conhecer, lembro-me do quanto isso era divertido. Eu dizia sempre que nunca teria inimigos, pois ter amigos era a melhor coisa que podíamos ter, depois de nossa família. Eu dizia... e eu dizia muitas coisas. Eu acreditava... e acreditava com muita força, com a intenção de que nada e nem ninguém conseguisse me fazer desacreditar um dia. Lembro que eu ligava o som de tarde, colocava no maior volume possivel e passava a tarde toda cantando e dançando todas as músicas do meus poucos cds. O meu pai fazia videos comigo e com o meu irmão, perguntando o que queríamos ser quando crescer, e eu dizia "papai, eu quero ser cantora, quero viver de música". É engraçado, a gente passa anos dizendo e acreditando em tantas coisas... como pode chegar um dia em que você não consegue mais acreditar? Os primeiro anos são sempre os mais fáceis, assim como os primeiros meses de um namoro. No começo você acredita em tudo, depois você desconfia de tudo. O que era amor, hoje... cadê? Quando eu era criança eu ria de quem dizia que as pessoas poderiam nos mudar, para melhor ou para pior. Eu não acreditava. Achava que ninguém tinha o direito de nos mudar, e de fato de ninguém tem. A gente é quem muda. Nós que nos deixamos, que nos entregamos nas mãos dos outros e faça de mim o que bem entender. Nunca foi tão dificil escrever um texto como agora. Nunca foi tão dificil compor uma canção, que antes saia com tanta naturalidade. É, acho que cresci demais e não acompanhei nem metade. Acho que fui... com o fluxo, não é assim que canta Josh Homme em "Go with the flow"? E hoje nem eu sei mais se acredito nisso na minha cabeça.
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