Calmaria

É de madrugada e tudo está calado. Silêncio inconveniente, incomoda-me profundamente. As pessoas tem parecido mais claras, dever ser a idade, ou o tédio da cidade. Ando nessas ruas e vejo sempre os mesmos rostos, decifro sempre as mesmas expressões. E não quero me calar, há coisas aqui e vou falar. Mesmo que ninguém me entenda, mesmo que ninguém me ouça, mesmo que ninguém me leia. Você já viu o mar? Ondas vem e voltam, quebram para depois se jogarem na areia. Crescem e depois diminuem. As vezes se desesperam, mas depois sempre fica tudo calmo. Procuro a tanto tempo tantas explicações, que já não sei o tanto que isso significa. Talvez tenha encontrado respostas para uns, e aberto dúvidas para outros. Escrevo, escrevo, escrevo. As vezes nem sei sobre o que. Sinto que isso me liberta dos meus pesadelos, mas pensando bem, faz tanto tempo que não tenho pesadelos. Chego a estranhar, parecer uma criança que não nada tem a se preocupar. Este mar calmo me trás paz, mas também trás o mistério do que não sei. Quero ver o que é. Tenho tempo para esperar. Enquanto isso vou caminhando, navegando nesse mar. A lua hoje está tão bonita. Tudo está tão calmo. Pensando bem, eu nem tinha nada para falar.

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