Me beije

Me beije. Em pensamento resumido, é tudo o que vem a minha mente. Desconhecia o poder dessas velhas novas palavras, que por outrora soaram sem muitas verdades, mas que agora insistem em me perseguir. Insistem, e insistem tanto que não sei se consigo resistir. O receio do pior teima em se fazer presente, e não sei se gosto ou não disso. O senhor Receio poderia as vezes dar uma volta, tirar umas férias, me deixar mais solta. Tanto tempo, tanto desejo reprimido. Pouco tempo, pouquissimo tempo a ser consumido. Não me venha mais com perguntas dificeis. You know boy, I can hardly think. Parece que dessa vez tentaram acertar, mas isso pouco me importa. Espécie de anestesia, não do corpo, e sim da mente. Tens me deixado tonta. Tens me drogado sem nem ao menos eu te experimentar. Covarde. Esperto. Me deixa sem saídas. Mas quem disse que quero sair? Logo agora que chegou a parte boa, ninguém me tira daqui. Gosto das tuas palavras, ora doces, ora. Não precisa repeti-las para que eu possa entendê-las. Precisaria correr para bem longe, para ignorar essas loucuras. E se for para correr, sei em que direção seguir. Teus braços, nos teus abraços. Olhar teus feitos. Tua boca. Tua. Intensamente minha. E se não me tiver como desejo, é melhor nem começar. Mas já que começastes, não me importo que continue, muito menos que pense em terminar. No mais, não consigo pensar em mais nada. Apenas tuas palavras me guiam para o desconhecido. Você. Agora pare, olhar para ti e não poder desfrutar, não me cai bem. Pode parar de tirar o ar dos meus pulmões, e preenche-los com outra coisa. Eu deixo. Esse meu romantismo irá aparecer nas horas menos apropriadas, me perdoe. Ou se quiser, não me perdoe. Mas antes disso me beije, mesmo que tenha que esperar a fumaça do meu cigarro passar. A música francesa está quase acabando, e talvez junto com ela acabe o meu desejo. Melhor não esperar.

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