Sobre o amor, para o amor


E eu insisto em falar de amor, sobre o amor, para o amor. Anos passam, pessoas aparecem, minha casa muda mais uma vez, mas o amor está lá. Quieto, tranquilo, dormindo como se nunca mais fosse acordar. Mas são nos olhares mais misteriosos que eu me entrego, que eu deixo todo o meu novo sorriso de lado, e volto a sorrir como antes. Certas coisas tendem em não serem ditas, mas mesmo que não se fale, elas se fazem explicitas. No olhar no espelho as vezes sinto medo, não do que vejo, mas do que sinto. Ter receio nem sempre é tão prazeroso, toda aventura só é eficaz nos primeiros segundos. Mas pouco importa. Os anos irão passar, as pessoas irão aparecer, minha casa irá mudar mais uma vez, e o amor ainda estará lá. Bem, é assim que eu quero pensar. Na arte consigo encontrar meios legais de prosseguir. E está dando certo. Não seria sua cerveja quente que me faria continuar ficar sentada aqui, muito menos esse seu cigarro de manicure que vai embora em três minutos. Sabe, nem sempre o caminho que mais nos traz felicidade é o mais seguro. Felicidade por felicidade é bobagem, quem se importa em não sofrer um pouquinho? Nem que seja para contar depois à uma amiga não íntima. Falar de amor, amor que cada vez que bate parece se firmar mais a onde está. Paixão, falar de paixão é tenso. Paixão vem de pathos, e phatos significa sofrimento, Descartes quem falou. Odeio esses filósofos, pois por mais absurdas que sejam, o que falam fazem uma merda de um sentido enorme. Chego na parte dos sentidos, então devo parar de tanto blá blá blá.

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