Abre a bolsa, ele está lá, como ela tinha deixado. Estava meio amassado, mas isso pouco importava. Abre outra bolsa e encontra o isqueiro. Está lá, um casal perfeito. Sai pra varanda, acende-o. Primeiro trago. Segundo, terceiro.. Até que se sente um pouco tonta. Enquanto olha a paisagem pouco iluminada, começa a pensar. Pensar em tudo, naquelas pessoas, naquele lugar. Pensamentos ciclicos, que nunca chegavam a nenhum lugar. Sente-se mais tonta, encosta na parede, pensa em sentar, mas prefere ficar em pé. Começa a ficar interessante querer controlar o equilíbrio. E também começa a pensar nele, aquele filho da puta! Que não merece nem o amor dos pais que tem. Que não merece nem o amor que sente por ele mesmo. Brinca com a fumaça, em vão tentando faze-las em formatos redondos. No céu passa um avião, ela pensa "Daqui a pouco eu que estarei lá, irei para onde quero ir há muito tempo". Pensa nas pessoas que não a entendem, chega na conclusão de que essas pessoas não sabem de nada, e possivelmente nunca irão entender. O cigarro vai acabando, chegando perto do filtro. Mais algumas tragadas e tchau. Sente uma sensação boa, gosta dessa sensação. Apenas mais um trago e ele chega ao fim. Joga-o na privada, lava as mãos, bebe água. Esconde todos os indicios que a condenariam. Para e pensa "Preciso parar de ler esses livros".
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